domingo, 11 de setembro de 2011

Você sabe o que é alta-costura?

Você sabe o que é alta-costura?

Alta-costura está para Paris como o Corcovado para o Rio. É um patrimônio francês, que só existe lá, e há regras para participar




Chanel Alta Costura Inverno 2011
Pode reparar: qualquer vestidinho mais cheio de firulas, babados, brocados e bordados, acaba sendo chamado de alta-costura. Um sacrilégio, para não dizer um crime. Alta-costura só existe em Paris. E apenas em uma região da cidade francesa: o triângulo do alto luxo, formado pelas avenidas Champs Elissés, Av. Marceau e Av. Montaigne.
Alta-costura está para Paris como o Corcovado para o Rio. É um patrimônio cultural francês, de verdade! Na época da Segunda-Guerra, Adolf Hitler, quando invadiu a França, quis transferir o Chambre Sindicale (o Sindicato de Costureiros de Paris) para Viena ou Berlim. Lucien Lelong, que era o presidente do sindicato naquela época, para evitar o ‘desastre’, declarou que a alta-costura era patrimônio cultural francês, e criou regras para que uma casa de moda pudesse obter o título, uma espécie de patente internacional. Resultado: a França se refez no pós-guerra via moda.
A primeira exigência é exatamente a localização. Para obter o título de alta-costura, uma maison de moda tem de obrigatoriamente estar em Paris e no tal triângulo do alto luxo. O costureiro precisa ter seu ateliê de costura ali, entre o Champs Elissés, a Av. Marceau e a Av. Montaigne. E a casa tem de ter um perfume com seu nome, sem falar que tecidos, aviamentos e toda a produção devem ser franceses.
A alta-costura se sustenta com perfumes e acessórios, como bolsas e óculos. O segmento serve também de laboratório para experimentações com tecidos, volumes e cores. É uma lente de aumento do negócio da moda, um circo que precisa ser armado duas vezes por ano.


Nos anos 60, eram 160 membros. Hoje, são 11. No Chambre Sindicale há os membros aderentes,  membros convidados e membros representantes, como Valentino e Calvin Klein, espécie de embaixadores da alta-costura em seus respectivos países de atuação. Em 1999, o brasileiro Ocimar Versolato foi convidado a integrar o Chambre Sindicale por sua coleção daquele ano. O também brasileiro Gustavo Lins, que apresentou três coleções como convidado recentemente, acaba de receber a honraria maior: foi aceito como membro aderente e é nesta condição que desfila esta semana.


Valentino - Semana de Alta Costura de Paris - Inverno 2011
As roupas de alta-costura são absurdamente caras. Uma saia "simples" pode chegar a 7 mil euros. Um vestido? Uns 20 mil euros. E nem adianta procurar um brechó, pois luxo não se liquida. Não esse luxo. As peças de alta-costura vão para um acervo, chamado de cemitério. Yves Saint Laurent, por exemplo, deixou 50 mil peças em seu 'cemitério', quer foram doadas para a sua fundação.
Quem compra? Mulheres ricas, muuuuito ricas. Esposas de sheiks árabes. Executivas do mercado financeiro norte-americano. Clientes especiais que são convidadas para os desfiles em Paris, estes mesmos que começam nesta segunda-feira (24/1), e para as quais as maisons marcam hora para que possam experimentar os modelitos de que mais gostarem. Mas hoje não existem mais compradoras como Mona Von Bismark, que comprava de 60 a 80 vestidos de Balenciaga por estação. Quando ele fechou a maison, em 1972, ela ficou dois dias de cama, sem saber como iria se vestir dali em diante. Recuperada, virou cliente de Givenchi, e depois de YSL, como contou o professor João Braga, em seu curso de História da Moda, na Casa do Saber.
Integram, hoje, esse Olimpo da moda, as grifes Adeline André, Anne Valérie Hash, Atelier Gustavo Lins, Chanel, Christian Dior, Christophe Josse, Franck Sorbier, Givenchy, Jean Paul Gaultier, Mauriziio Galante e Stéphane Rolland.
São membros correspondentes Elie Saab, Giorgio Armani, Maison Martin Margiela e Valentino.
Entre os membros convidados estão Alexandre Vauthier, Alexis Mabille, Bouchra Jarrar, Josephus Thimister, Julien Fourni[e, Lefranc.Ferrant, Maison Rabih Kayrouz e Maxime Simoens.


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